Um amor feliz é o resultado e testemunho de uma estada, durante a década de 1960, de Hubert Fichte e de Leonore Mau, em Portugal, primeira estação de um périplo pelo mundo que, iniciando-se no Brasil, os levaria a outros lugares ligados às culturas da diáspora africana. Existem duas leituras possíveis do livro: uma que privilegia os contextos objetivos dos lugares descritos; outra que atende aos processos subjetivos de perceção e construção dessa narrativa, processos que a escrita de Hubert Fichte não trai, à primeira vista, mas que uma interpretação mais densa permite entrever. São estas duas perspetivas que a seguir aqui se ensaiarão, a partir de um outro ponto de vista, também ele subjetivo, introduzindo nesse amor feliz um terceiro elemento – o do objeto observado, de uma ‘indígena’, fascinada e incomodada, vingando-se do antropólogo, lendo o seu texto por cima do seu ombro. Os observadores não se importariam, decerto, com este ménage à trois. More…